Efeitos Neurológicos do Ajuste
Scot Haldeman, DC, MD, PhD
Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics
Volume 23 Number 2 February 2000
Resumo e tradução livre por Katherine Colomba

Este artigo discute as diversas teorias relativas ao ajuste quiroprático, incluindo a teoria da compressão nervosa, teoria dos reflexos e teorias do alívio da dor. Existe hoje pesquisas científicas suficientes para considerar estas teorias modelos de trabalho razoáveis para explicar os efeitos do ajuste mas insuficientes para considera-los válidos.

Teorias da Compressão Nervosa para o Ajuste

A teoria predominante sobre o efeito do ajuste está baseada no conceito de compressão nervosa. Esta teoria propõe que o efeito primário do ajuste é corrigir a subluxação. A subluxação é definida como uma relação biomecânica anormal entre as vértebras que pode causar uma compressão das raízes nervosas espinhais que, por sua vez, pode causar interferências com a função normal da raíz nervosa, resultando em dor ou outros sintomas clínicos.
Giles discutiu em detalhes as várias mudanças anatômicas que podem resultar na compressão nervosa. Descreveu o impacto dos osteófitos no corpo vertebral, facetas e articulações na diminuição do canal central e recessos laterais nos nervos espinhais.
Garfin revisou em detalhe o efeito da compressão na função nervosa. Ele descrever o efeito da compressão nervosa na pressão intraneural e circulação venosa. Apresentou ainda evidências que a compressão resulta em constrição venular, extravasamento do proteínas,constrição capilar seguida de arteriolar e prejuízo tanto da função aferente quanto eferente da raíz nervosa.


Teorias do Reflexo do Ajuste

A teoria do reflexo propõe que a subluxação é considerada uma relação biomecânica aberrante na coluna. Assume-se que tais relações estimulam receptores nos tecidos espinhais e paraespinhais como facetas e ligamentos musculares. Os impulsos gerados pelo estímulo das estruturas espinhais presumivelmente ativam os centros neurais de reflexo dentro da medula ou mais altos que, por sua vez, causam respostas somatoviscerais nos nervos simpáticos e parassimpáticos ou respostas somato-somáticas, resultando em espasmo muscular.
Bolton revisou a entrada segmentar aferente das estruturas espinhais em detalhe. Claramente, essas estruturas são ricamente inervadas. Cada estrutura espinhal tem seus próprios receptores com diferentes características e sensibilidade. A estimulação destes receptores mostrou ativar as vias do reflexo central e reflexos somato-somáticos específicos em experimentação.
Budgell adicionou a tudo isso uma revisão da pesquisa de Sato et al., descrevendo a resposta dos órgãos viscerais à estimulação somática. Não há evidências consideráveis que o estímulo que estruturas somáticas, incluindo a pelo e articulações periféricas, possa ter efeitos substanciais na função cardiovascular, da vesícula urinária e gastrointestinal em animais em laboratório. Ele demonstrou também a complexidade destes reflexos, mostrando que eles podem ser excitatórios ou inibitórios da função visceral e podem agir pelas vias espinhais, supraespinhais e centros corticais.

Teorias do Alívio da Dor para o Ajuste

Os problemas com as teorias do alívio da dor para o ajuste são opostos aos da teoria do reflexo. Existe hoje evidências consideráveis de que pacientes tratados com manipulação ou ajustes descrevem um alivio da dor maior ao alcançado com outros métodos de tratamento.
Vernon apresentou evidências sugerindo que o ajuste pode resultar em hipoalgesia. Apresentou evidências em favor da facilitação central do estímulo das estruturas espinhais, a habilidade do ajuste de mudar os limites de dor de tecidos e músculos, e a evidência conflitante em favor da liberação de endorfinas. O problema destas teorias é que as mudanças observadas podem frequentemente ser explicadas tendo como base os mecanismos psicofisiológicos e podem não ter aplicação nos efeitos a longo prazo do ajuste na dor espinhal.
Algumas das lacunas forma preenchidas pela demonstração dos efeitos biomecânicos do ajuste. Os efeitos diretos do ajuste referentes a qual estrutura espinhal responde às forças externas foram descritos. Acredita-se que o ajuste é primariamente uma força mecânica interagindo com tecidos espinhais muito dinâmicos. A maior dificuldade nas teoriaas de dos é que nem sempre se considera o entendimento pobre em relação à gênese da dor espinhal. Há uma tendência em se explicar os efeitos do ajuste em termos de uma causa única para a dor espinhal. Entretanto, até a importância relativa de cada uma das várias estruturas espinhais na geração da dor seja entendida, não é muito provável que o mecanismo exato de qual ajuste possa aliviar esta dor seja estabelecido.

Conclusão

A discussão dos efeitos neurológicos dos ajuste não é mais um debate entre crédulos e céticos de nenhuma teoria específica. Existe hoje investigação científica suficiente para desenvolver modelos de trabalho que expliquem os efeitos do ajuste. Entretanto, não há evidência suficiente para afirmar que qualquer teoria em particular possa ser considerada válida. O que deve ser evitado neste estágio de entendimento dos efeitos neurológicos do ajuste é a extrapolação irracional do conhecimento atual para a especulação e apresentação da teoria como fato.